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The International Day of Women and Girls in Science

O Dia Internacional das Mulheres e Meninas nas Ciências é comemorado em 11 de fevereiro, desde 2016, quando a UNESCO e a ONU começaram a liderar esse evento em diversos países, em conjunto. A intenção dessa data é dar visibilidade ao papel que as mulheres desempenham nas áreas da ciência e tecnologia, além de incentivar meninas a entenderem mais sobre esse universo. E, por isso, como uma participante ativa da área de tecnologia, decidi trazer algumas contestações pertinentes ao longo deste texto.

Afinal, qual é a importância e o peso dessa data? Apesar das notáveis melhorias das últimas décadas, a educação (que deveria ser um direito de todos) ainda não é acessível de forma justa às mulheres em diversas partes do mundo, perpetuando a desigualdade de gênero. E isso fica ainda mais evidente quando olhamos para as áreas de STEM. Nós, mulheres, ainda somos apenas 28% dos pesquisadores do mundo. Desde 1903, quando Marie Curie recebeu o prêmio Nobel, apenas outras 17 mulheres receberam o prêmio em física, química ou medicina, em comparação a 572 homens nesse mesmo período. O que esses números nos dizem? Será mesmo que as mulheres não têm aptidão para essas áreas? Ou que não temos interesse? Ou até que não somos competentes o suficiente, como ouvimos tanto por aí? 

Os dados coletados no relatório publicado pela UNESCO em 2017 – “Decifrar o código: educação de meninas e mulheres em ciências, tecnologia, engenharia e matemática (STEM)”, contrariam todos esses estereótipos de gênero que mencionei, que existem e percorrem a nossa sociedade. Segundo o documento, um dos vários motivos que fazem as mulheres serem sub representadas é resultado da socialização que, através das normas culturais e sociais, podem influenciar a percepção das meninas sobre suas próprias capacidades e suas aspirações para o futuro desde muito cedo. 

Isso significa que as meninas crescem acreditando que as áreas relacionadas à ciência são assuntos do mundo masculino e que não tem espaço suficiente para serem boas nesses campos. Essa separação começa desde a educação infantil, nas brincadeiras realizadas e se destacam no ensino superior, onde os números são disparadamente desiguais. Apenas 35% das mulheres buscam cursos relacionados a essas áreas, e mesmo assim, elas lideram os índices de evasão nas faculdades, com taxas desproporcionais.

Assegurar que meninas e mulheres possam ter acesso a educação na área de STEM e seguir carreira é necessário não apenas por esse ser um direito humano básico, de termos oportunidades iguais para estudar e trabalhar, mas essa inclusão também garante a excelência nas ciências, seja em qual área que for. É importante apontar que um ambiente diverso agrega maior valor, reduz vieses, atrai novos olhares e ainda promove soluções criativas, nunca antes pensadas, atingindo um público muito mais amplo. Ou seja: a inserção das mulheres nesse mundo não beneficia somente a elas próprias, mas sim todo o mercado de trabalho e a pesquisa científica. 

Para dar passos mais largos em direção a esse futuro, existem diversas soluções, em diferentes níveis, que envolvam os esforços da sociedade como um todo, para mudar as normas culturais relacionadas a gênero e promover a igualdade através de: Políticas públicas e legislação, parcerias com a iniciativa privada através de vagas afirmativas para mulheres, incentivo de carreira e qualificação, iniciativas educacionais para a infância e adolescência de meninas, e muito mais. 

Aliás, no âmbito escolar, precisamos de formações específicas e docentes aptos a incentivar e oferecer os recursos necessários para o ensino à um ambiente diverso. No ambiente familiar, é lugar da família estimular o diálogo e envolver-se na aprendizagem das suas filhas, focando no fortalecimento da autoestima e o interesse das meninas para seguir seus estudos e carreiras na área que desejarem, entendendo que são capazes sim de serem quem elas quiserem ser.

Escrito por: Yasmin Valim, engenheira na Pipefy

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