Dia Mundial da Internet: Caiu na rede, é peixe!

Escrito por Danilo Cordeiro, Staff Security Engineer & Cyber Security Specialist na Pipefy

Todo ano, no dia 17 de Maio, comemoramos o Dia Mundial da Internet. A data foi instituída em 2005, durante uma assembleia geral das Nações Unidas, e divide o calendário também com as datas da União Internacional das Telecomunicações e o Dia Mundial da Sociedade da Informação.

Em 17 de maio de 1865, muitos países se reuniram para discutir o crescimento do telégrafo (você lembra do telégrafo?), buscando entrar em acordo para expandir esse tipo de rede de comunicação de forma internacional. Neste mesmo dia foi criada então a União Internacional de Telecomunicações (UIT), uma agência especializada da ONU.

Com o tempo, essa data comemorativa foi se transformando de acordo com a evolução das redes de comunicação e acabou se tornando o Dia Mundial da Sociedade da Informação. A UIT não só colabora com melhorias de infra estrutura das nossas redes de comunicação, mas também com um mundo mais conectado, bem informado e acessível para todos.

Um mundo sem barreiras! Ou quase…

Quando falamos de internet hoje em dia, falamos exatamente desse mundo mais conectado, quase sem barreiras e com tudo a um clique de distância. Hoje, através da internet, podemos conhecer pessoas, descobrir coisas surpreendentes, aprender sobre qualquer assunto, compartilhar conhecimento e até mesmo pedir comida!

Você consegue imaginar um mundo sem internet, hoje em dia? A conexão mundial virou uma necessidade tão básica e vital, que é difícil nos imaginar sem ela. E nem precisamos ir tão longe nesse exemplo… Você consegue imaginar passar uma semana sem o seu smartphone? Tem gente que já tem tremedeira de abstinência, só de pensar numa coisa dessas!

Talvez você até se lembre de vezes em que os tão famosos serviços e aplicativos de comunicação e redes sociais deixaram de funcionar, seja por alguns minutos ou por horas, e quantas pessoas ficaram desnorteadas, sem saber o que fazer. É incrível perceber como já desaprendemos a contar com a telecomunicação por si só, sem a necessidade das mensagens de texto. Você sabe usar um telefone apenas para ligações?

A hiper-dependência da internet e suas facilidades

E quando falamos do Dia Mundial da Internet, não podemos deixar de falar sobre boas práticas e um uso saudável e seguro dela. Não nos surpreende quando, em um mundo tão dependente da internet e suas funcionalidades, exista um número gigante e crescente de analfabetos digitais. Esse é o termo para quem usa a internet e a tecnologia sem realmente entender como ela funciona, ou mesmo passam por grandes dificuldades tentando se adaptar à tecnologia, tentando entender como os processos e serviços na internet funcionam.

E não há culpa nem vergonha nisso. A internet nos trouxe tantos benefícios e facilidades, que é normal que essa atração e dependência tenha crescido de forma descontrolada, sem que os usuários reservem um devido tempo para entender o ambiente e como ele realmente funciona. E é tão fácil simplesmente depender da internet e da tecnologia, com essa comodidade de apertar apenas alguns botões mágicos para realizar as tarefas do nosso dia a dia, como fazer compras ou conversar com outras pessoas, que muitas vezes nos esquecemos completamente dos perigos que essa desinformação e descuido podem trazer. 

Cuidado com onde e com quem você anda na internet!

Essa facilidade, normalidade e dependência fazem com que as pessoas que usam a internet esqueçam de se perguntar: Será que essa informação é verdadeira? Será que a pessoa do outro lado é real? Será que ela está mentindo pra mim? Será que estou em perigo, sendo enganado ou sendo atraída para uma situação de risco?

Por isso, antes de interagir com outras pessoas pela internet, seja em situações românticas, construindo novos relacionamentos, seja em relações de amizade, de simples conversa ou mesmo para fins comerciais (caso você esteja comprando, vendendo ou negociando algum valor), quero trazer algumas dicas importantes de proteção na internet, especificamente falando das nossas interações humanas.

Manual de Persuasão do FBI e as dicas para a sua segurança

Recentemente eu li o livro Manual de Persuasão do FBI do Jack Schafer e Marvin Karlins (indico muito a leitura a todos, mesmo para leigos) e fiquei fascinado por algumas das dicas e a forma como Jack cria exemplos para que sejam fáceis de serem aplicadas no nosso dia a dia. Separei algumas das minhas dicas preferidas aqui:

1 – Um dos primeiros passos em uma interação na internet com outra pessoa é forçar o outro a se mostrar no mundo real. Isso ajuda a verificar se a pessoa é mesmo quem ela diz ser ou se é mesmo um humano do outro lado (e não só um robô), seja através de um encontro físico – em um local público – ou seja por vídeo e/ou ligação; 

2- Sempre assuma que você é o alvo de um golpista ou de um mentiroso até que se prove o contrário e surjam evidências visuais e concretas que provem isso. Por isso é sempre bom insistir em conversas e interações mais pessoais, que revelem a pessoa; 

3- Em caso de encontros presenciais, sempre marque em locais públicos e bem movimentados, e apenas depois de confirmar que a outra pessoa é quem diz ser (por ligação ou vídeo). Uma dica minha mesmo é que você avise para pessoas próximas de você quando e onde se encontrará com um estranho, compartilhando o máximo de informações que tiver sobre o outro;

4- Exigir uma prova visual logo cedo numa interação virtual é uma técnica simples, mas muito eficaz para não cair em armadilhas. Essas interações ou encontros visuais permitem checar dicas no comportamento e na linguagem corporal da pessoa, algo que diz muito sobre quem ela é e suas verdadeiras intenções.

5- Preste bastante atenção no uso da palavra “ENTÃO” ou se a pessoa está desviando das suas perguntas… Uma técnica muito eficaz para identificar um mentiroso é sempre fazer perguntas binárias, que as respostas sejam simples, como “SIM” ou “NÃO”. Quando fazemos uma pergunta simples e uma pessoa utilizar “ENTÃO” e desviar da pergunta, ao invés de responder diretamente, isso costuma indicar uma mentira. É claro que a gente precisa sempre considerar o contexto e o quanto sabemos da situação, mas mesmo assim, prestar atenção em detalhes da fala e de como a pessoa se comporta e passa informações, pode te salvar de enrascadas.

Separei aqui um exemplo de diálogo entre mãe e filha, onde a filha tenta desviar da pergunta:

Mãe: Sua professora ligou hoje e disse que suspeita que você colou na prova. Você fez isso?
Filha: Então mãe, eu passo duas horas estudando de noite. Estudo mais do que qualquer pessoa que eu conheço. As pessoas que não estudam são aquelas que precisam colocar provas. Eu estudo o tempo todo. Não me acuse de cola!
Mãe: Eu sei que você estuda muito e tem boas notas. Não foi isso que perguntei. Perguntei se você colou ou não. Você colou na prova?
Filha: Colei sim mãe, desculpe.

Redirecionar a conversa de volta para a questão inicial e insistir na pergunta até que se obtenha uma resposta verdadeira, também ajuda a pessoa a responder a raiz da questão, e tende a pressionar a outra pessoa a dizer a verdade.

Cuidado, hein: Caiu na rede, é peixe

Como falei lá no início, é normal que a nossa dependência da internet e a facilidade das tecnologias nos coloquem numa posição de conforto e confiança de que estamos seguros, mesmo sem entender como a tecnologia funciona e quem está do outro lado. Essa nossa vulnerabilidade humana pode nos colocar em situações de perigo e causar muitos problemas na nossa vida, por isso é tão importante prestarmos mais atenção na nossa segurança e como nos comportamos na internet, principalmente com quem estamos nos relacionando.

E sempre vale aquele lembrete básico, né: Muito cuidado com o que você posta na internet, pois uma vez que é publicado, raramente tem volta. Muita atenção com as suas conexões, com quem tem acesso à você e aos seus dados, suas fotos, sua vida. Se dedique e pratique para criar um senso crítico, com um pé atrás em interações digitais até que elas se provem realmente verdadeiras e confiáveis.

A internet é uma ferramenta essencial para o nosso dia a dia, com certeza, mas ela deve ser usada sempre com cautela e com o cuidado de entendermos como ela funciona e quais os riscos que ela trás (mesmo sendo tão benéfica).

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